Consumidor, turismo e intolerância

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Por  Juliana Pareira_ Site O Consumerista_ Dia 30 de janeiro de 2020

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Durante muitos anos atuei diretamente em assuntos como Consumo e Turismo tanto no apoio quanto no gerenciamento para a realização de grandes eventos, tais como a Rio+20, Copa do Mundo 2014, na Jornada Mundial da Juventude e também nas Olimpíadas Rio 2016. Além disso, também estive diretamente envolvida nas discussões técnicas da organização e participação de vários eventos nacionais e internacionais sobre esses e outros temas.

Eu também tive a honra de representar o Brasil na apresentação de uma proposta para uma convenção sobre o consumidor turista, na Conferência de Haia, sobre Direito Internacional Privado Organização intergovernamental. A proposta apresentada na ocasião foi construída por importantes juristas, sendo liderado pela professora Claudia Lima Marques. Penso que é uma importante contribuição para o fortalecimento do turismo internacional.

Mas o que ele propõe na prática? A ideia é criar uma rede de cooperação mundial, facilitando assim o acesso dos turistas internacionais ao sistema de proteção do consumidor. Isso criou, na minha opinião, algo verdadeiramente extraordinário: mudamos o conceito de turista para “cidadão global”.

Quando penso na possibilidade de um turista internacional a despeito de sua nacionalidade, idioma e regime legal ser considerado e tratado como um cidadão global, vejo que o turismo não pode apenas fomentar a economia em diversos aspectos, mas também ser um instrumento para cultura de paz e respeito às diferenças culturais e sociais.

Segundo a Wikipédia, uma viagem (do latim “viaticu”, pelo provençal “viatge”) é o movimento de pessoas entre locais relativamente distantes, com qualquer propósito e duração, e utilizando ou não qualquer meio de transporte (público ou privado). O percurso pode ser feito por mar, terra ou ar.

Vejamos: viajar é deslocar-se para um local diferente daquele em que vivemos, independentemente do propósito. É sair de seu mundo, conhecer e estar em outro mundo. Este é um gesto bastante interessante para a atual sociedade. É, sobretudo, dispor-se a conhecer, ter a vontade, curiosidade e atitude em visitar um outro mundo. Significa estar aberto para algo diferente, coisa que anda extremamente rara na atualidade. No entanto, quando o tema é viajar, estamos mais abertos para conhecer e experimentar o diferente.

Assim, não importa se a viagem é nacional ou internacional. As diferenças podem ser singelas. Por exemplo: pense em um turista do interior de São Paulo em visita a Belém. Ele poderá descobrir que o açaí feito no Pará acompanha, em regra, peixe frito e uma farinha de tapioca. No Sul e Sudeste, por exemplo, a mesma guloseima é servida como sobremesa ou lanche gelado com frutas. Nesse sentido, eu pergunto: quem está fazendo melhor uso? Ambos. São hábitos e culturas diferentes, por isso conhecer e compreender são gestos tão importantes para o respeito ao que é diferente.

Quando a viagem é internacional a realidade e costumes podem ser ainda mais distantes, a começar pelo idioma. Certa vez fui conhecer a Hungria e, para isso, eu utilizei um site de acomodação. No fim, eu me hospedei em um bairro de classe média em Budapeste. Foi uma das minhas melhores experiências, pois conheci e vivi a cultura local: fui ao supermercado, andei no transporte público, interagi com os vizinhos do prédio e tudo isso sem falar nenhuma palavra em húngaro – afinal, poucos falavam inglês. Para viver esse momento, eu me preparei: seja lendo ou mesmo pesquisando sobre o local, costumes, hábitos e cultura. Foi fantástico!

Nestes tempos de intolerância, o turismo pode exercer um papel importante na criação de oportunidades para conhecimento, compreensão e respeito às diferenças. Ao olhar de longe, vivemos e dividimos um único local: o planeta terra. Por todas as partes há belezas naturais únicas, costumes particulares, diversidades cultural e religiosa, sabores e aromas próprios, além muitas histórias. Viajar é conviver com tudo isso e compreender que há espaço para todos e cada um.

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